Toda manhã eu passo pela mesma calçada na Rua Edu Vieira em direção ao trabalho. Faço isso não só porque sou metódico e porque ali bate sol de manhã, mas também por
ter uma casa com um grande chapéu-de-sol. Esta árvore me traz fortes e boas lembranças da infância em Iguape.
Nessa época do ano cai muito coquinho e a calçada ganha um ar divertido com tanto fruto pra chutar. Hoje, não sei se por retaliação ou deboche, um deles me pegou de jeito. Isso, um coquinho! Entre um passo e outro ele caiu atrás de mim, quicou e se encaixou exatamente entre meu calcanhar e meu chinelo de dedo. Vejam só a ousadia! E que perícia! Assim que pisei senti a viscosidade que desprendeu-se da poupa madura melando levemente meu pé.
Se era pra eu rir ele conseguiu.
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