sexta-feira, 17 de abril de 2015

Miçangas


Quando penso nas diversas nações indígenas brasileiras o que sei é tão pouco que tudo o que sinto resume-se à vergonha e indignação. Uma das poucas visões que tenho
delas são como esta da fotografia. O que me provoca a indubitável culpa por fazer parte de uma sociedade que os trata como invisíveis.

Mosquete, arcabuz, canhão. Incontáveis aldeias foram dizimadas por ocuparem grandes e valiosas extensões de terra. Tifo, varíola, tuberculose. Outras centenas de milhares foram mortas por males trazidos pelos brancos ainda no tempo das caravelas. A trágica ironia é que tudo começou com o sedutor brilho colorido de miçangas e espelhos oferecidos pelos primeiros colonizadores em troca da confiança ingênua dos nativos. Bugigangas europeias por pau-brasil, pedras preciosas, ouro e terras.

Temo que este texto – sucinto demais - ou aquela imagem – banal demais - não mudem nada, pois é certo que mudaram muito pouco em mim os fatos de pensar a respeito e flagrar o desrespeito. Talvez porque já esteja tudo acomodado, tudo em seu devido lugar, como num acordo comercial selado.

Fico pensando se eles não tivessem aceito miçangas.

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