segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Gente


Meio da tarde de um dia comum e eu no ponto de ônibus, bem tranquilo, refazendo mentalmente a lista das coisas pra resolver no centro. Lista que, diga-se de passagem,
já estava gravada no Google Keep desde o dia anterior. Mas ser metódico é assim, um flerte constante com a paranoia. Chega um senhor, desses com chapéu cata ovo e cordinha prendendo os óculos, e me pergunta se eu achava que o ônibus ainda demoraria. Respondi que talvez sim por causa da lentidão do trânsito.

O papo seguiu como um papo de elevador, só que fora dele. Falamos sobre algumas loucuras que nos rodeiam, como a do trânsito, a do tempo e a dos preços crescendo mais que chuchu na cerca. Foi aí que ele, sério, disparou: "outro dia entrei numa loja pra comprar uma espingarda". Aí eu saí mesmo do elevador e naquele momento pareceu-me que o café que eu havia tomado fazia efeito. Instantaneamente subiu o nível da minha atenção para com aquele senhor... que adjetivo, meu deus?.. bom, vai lá, aquele senhor exótico.

Ele prosseguiu: "o rapaz atrás do balcão me perguntou pra que eu queria uma espingarda". Normal, pensei, outro papo de elevador. E ele concluiu de chofre: "pra matar a Dilma, ué!" Quando eu ia rir ele completou gargalhando: "você acredita que ele não quis me vender?!?"

O ônibus dele chegou.

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