sexta-feira, 17 de junho de 2016

Mesmo sem ser chinês

É bem provável que você nunca tenha ouvido isso. Embora possível, é pouco provável. Não o que vou contar, mas sim sobre você ter ouvido.
Não é segredo para quem me conhece que sou, como a gente dizia na infância iguapense, “izibido”. E como todo bom exemplar da espécie eu me meto a fazer várias coisas. Merecendo, então, mais um adjetivo contemporâneo do primeiro: “mitido”. Tendo este ponto como de partida vamos falar de culinária. O caso é que assim que o calor provoca fervura na panela você passa a correr um grande risco. Não o de se queimar – óbvio demais para você provavelmente nunca ter ouvido – e sim o de cometer um assassinato, ainda que culposo, sobretudo se no mesmo ambiente houver uma fruteira com bananas maduras.
Outro detalhe, que não é mais segredo, é que adoro fazer suspense quando conto algo – embora para isso não haja um verbete regional e, caso haja, é para mim um segredo. Sim, estamos com o umbigo colado ao fogão, conferindo o ponto do cozido, ajustando o tempero e imaginando a cara de satisfação das pessoas que irão provar aquela delícia dentro de poucos minutos quando, desapercebidamente, uma drosófila com GPS quebrado executa um voo rasante sobre aquele imenso, quase infernal, caldeirão. Rasante demais. Batata. Morte instantânea. Vapor mata drosófilas. E onde ela cai? Na cratera fumegante daquele guisado que logo em seguida será servido, fotografado e disparado nas redes sociais, só para provar, talvez, que quando eu digo que sou mitido-izibido eu sou mesmo.
Resumo da ópera: Alguém vai degustar um inseto cozido e, mesmo sem ser chinês, vai fazer uma cara boa.

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