Chega o dia em que estou com humor de cão e você está irritado profundamente sabe-se lá com o quê. O encontro é inevitável pois moramos na mesma casa e o choque acaba
acontecendo assim que descubro uma conta, que está em seu nome, vencida sobre a geladeira.
Normalmente as contas são pagas por mim, mas neste mês você assumiu a tarefa devido à uma viagem que fiz. Ficou acertado assim mas a conta de luz acabou ficando para trás. Os juros são mínimos e somente vêm acrescidos na próxima fatura, o que viabiliza o pagamento em qualquer caixa eletrônico. Porém os ânimos não estão lá muito amistosos e uma troca de acusações, que começa leve, vai ganhando intensidade até virar um bate-boca que grita por intervenção.
Os vizinhos, que a esta altura devem estar pensando seriamente em chamar ajuda especializada, só não o fazem por medo de represália provocado pelo nível dos insultos vociferados simultaneamente. Preferem ficar inertes, apenas mentalizando um desfecho positivo.
Você olha para a pia e enxerga, em meio a louça suja acumulada, uma faca de carne, dessas grandes. Tomado pela ira você agarra a faca e desfere um golpe certeiro em meu peito. Morro instantaneamente. Em meio ao desespero, entre gritos de vizinhos e o som abafado de murros na porta, você acaba por tirar a própria vida.
Vem cá, não seria melhor colocar a conta de luz em débito automático?
Foto: divulgação. Edson Calheiros e Robson Ferraz
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