Um dos mais impressionantes eventos da fé Hindu, a Ngiring acontece uma vez ao ano quando os bairros realizam esta cerimônia para pedir proteção divina durante o período de chuvas, a “wet season” ou monções, caracterizado por chuvas e ventos fortes
durante três a quatro meses, entre novembro e março.
A cerimônia tem início em um dos principais templos do bairro por volta das quinze horas. São quatro os grandes templos, cada um localizado exatamente em um dos pontos cardeais, nos limites da própria comunidade. Eu estava em Peliatan, bairro de Ubud, que fica no interior da ilha de Bali.
As pessoas se saúdam com muita alegria assim que se encontram e tomam seus lugares, com suas famílias, sentadas pelo chão do enorme pátio cercado por um muro milenar, coberto pelo céu e margeado por inúmeras árvores floridas.
Depois entram dezenas de mulheres vestidas com saias estampadas e camisas amarelas, equilibrando cestos de oferendas sobre suas cabeças. Centenas de incensos são acesos junto aos cestos que contêm flores e alimentos. Dá-se início então às orações, em meio a um perfume bom, fazendo com que seja impossível ficar indiferente.
À medida que você vai sendo tomado por aquele ambiente de fé e devoção tudo é muito comovente e encantador, mas a riqueza de detalhes somada à beleza dos trajes, adornos e músicas, é indescritível.
Passadas cerca de duas horas todos partem a pé em cortejo para o ponto central do bairro onde sentam-se pelo chão, tomando as ruas, e participam de mais uma sessão de preces e oferendas. Entre um ponto e outro há a execução de músicas tradicionais por um grupo formado por crianças, jovens e adultos, todos homens, que acompanham a sequência de figuras históricas gigantes. Atrás da música segue o povo. Cerca de duas mil pessoas, estimou o balinês de quem eu tive a honra de receber o convite para acompanhar sua família na cerimônia. Foi ele quem me vestiu com o traje tradicional, falando sobre seu significado, e sua esposa me explicou os principais aspectos da Ngiring. Gentileza espantosa daquela família que resume bem o caráter do balinês adepto do Hinduísmo.
Após as orações em cada um dos templos, todos retornam ao centro de Peliatan para o auge da cerimônia, que encerra-se por volta da meia noite após mais alguns atos de uma força simbólica rara.
Essa experiência aconteceu no dia vinte e dois de novembro, apenas quatro dias antes do meu retorno ao Brasil, e foi uma das mais marcantes da minha vida.
Para conferir o álbum completo com 46 imagens clique em www.facebook.com/palavravasta, post do dia 25 de janeiro de 2015, e boa viagem!
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