domingo, 20 de outubro de 2013

Confronto


A discussão iniciara quente. Nada seria capaz de estancar a lava a rolar por olhos e bocas que, de tão próximos, quase se fundiam. Como dardos, palavras duras eram
alvejadas contra ouvidos que absorveriam mais com muito menos decibéis.
Estavam sós. Sem plateia ficara ainda mais cruel a manifestação de tantas emoções encobertas até então. Como em um fluxo selvagem no rompimento de um dique o diálogo também não tinha filtros. Estavam sós.
E era tanta culpa e medo de sentirem-se culpados por terem medo durante tanto tempo, que ficara difícil frear a troca simultânea de justificativas para todo aquele equívoco.
Após um incontável tempo a discussão amainou. Não cessou, amenizou. A lava solidificada formou caminhos abertos por onde passava agora a serenidade, em diálogos francos.
Não se pode evitar o enfrentamento que busca a iluminação de porões e sótãos, que força o escancarar de si para si mesmo. O autoconhecimento é antes de tudo o reduzir distâncias em direção ao silêncio que há no centro.

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