terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Dudu e Duda


Olhou para trás irritado. Um carro aproximara-se perigosamente. Já ela, ela nem sentiu a pressão, porque

era sempre protegida por ele.
Ela vestia uma camisa de flanela xadrez que havia sido usada por ele dias antes. Ele estava com sua outra camisa de flanela xadrez, que ela devolvera naquela manhã, com seu cheiro. Calçavam seus tênis street, surrados no skate. As mechas azuis nas pontas dos cabelos negros dela estavam à mostra, escorridos pelo capacete preto igual ao dele. Antes era um rosa que ela usava, presente dele, e que havia sido roubado em meio a uma DR no último festival de indie rock que eles foram. Belas joias, bem distribuídas, perfuravam suas orelhas, narinas, lábios e supercílios. As quatro mãos ostentavam anéis em quase todos os dedos. As panturrilhas dele pouco mostravam sua cor original; uma bermuda encardida, que fora calça na véspera, fazia questão de revelar os lindos desenhos old school, feitos por ele e tatuados por ela. As dela eram quase todas assinadas por ele. Free hand. Peles brancas pintadas para sempre.
A legendária Vespa levava o casal, que levava sua vida ímpar e seu ideal, cheio de estilo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário