Subiu com esforço em uma árvore fácil noutros tempos. Sua ousadia infante expirou-se antes do segundo andar. Teve medo da fragilidade de seus ossos, pondo a culpa na
fragilidade daqueles galhos muito finos.
Mesmo à pouca altura, já parado em posto firme de sentinela ressuscitada, passou a sentir. Primeiro o vento, óbvio desde o início, só que ali um pouco mais. Forte, limpo e fresco. Depois o cheiro virgem de todo aquele verde barulhento. Olhou para cima a quatro apoios e notou um céu inusitado, num ângulo tão risonho quanto um desenho de criança. Estava lá o céu, coalhado de cores mestiças, dessas que não são vistas na rotina. Não se deteve mais, sorriu.
A tudo isso reunido assim, chamou paz.
Estava acima do chão, mesmo que ainda perto dele. E não importava mais nada. Nem a medida de tempo ou de distância ou a velocidade com que aquele tipo de alegria havia ficado para trás; muito menos a medida da velocidade que o vinha projetando para frente, sem freio.
Ficou ali a esquecer as horas e todas as outras responsabilidades. Segurou a Terra com a imaginação, que lhe surgia como língua morta ganhando fluência.
Respirou.
Arriscou soltar as mãos. Pensou estarem dormentes os seus pés mas não testou, quis manter-se em dúvida. De nada mais servia a certeza.
Soltou-se.
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