quinta-feira, 30 de abril de 2015
A demissão de Triboulet
Como todo bobo renomado Triboulet exagerava na franqueza, fatalmente confundida com grosseria, e esparramava
comentários inconvenientes entre os nobres e a realeza. E, acreditem ou não, ele era adorado exatamente por isso.
Figura certa nas grandes festividades da corte francesa na Alta Idade Média, Triboulet desfilava seu traje extravagante com guizos, abas angulosas e franjas coloridas, tudo para realçar seu físico deformado: braços longamente desproporcionais, pernas arqueadas, ventre avantajado, orelhas enormes, baixíssima estatura e sua horrível corcunda. Uma deliciosa aberração cuja figura até fazia lembrar um ser humano.
Com acrobacias mirabolantes Triboulet extinguia a monotonia ou qualquer traço de tristeza com presença ímpar. Canções irônicas, frases ácidas e pilhérias de toda sorte eram usadas por ele para, de um só golpe, constranger os membros da corte e levá-los ao êxtase.
Contudo o fatídico dia chegou e Triboulet, o Rei dos Bobos, foi demitido. Gastou-se e perdeu a graça, seu único patrimônio.
Trilogia de 1º de Maio – 3ª parte
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário