quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A mesma origem


Na barbárie orquestrada e na espetacular excitação explosiva da plateia, que aos urros não pisca os olhos, o UFC e o Coliseu da Roma Antiga têm as suas melhores afinidades.

Uma diferença, além das vestes, 
é que naquele tempo eles
eram comprados ou capturados, escravizados e treinados para lutarem até a morte. Já nestes dias a lei proíbe a escravidão e, se alguém morrer, é só uma fatalidade do tipo culposa. 

Defendem os praticantes, os simpatizantes e os que faturam com eles que “não é violência, é esporte.” Alguém se opõe a este conceito? Então vejamos uma possível descrição desta nova epidemia midiática. Embalados pelo gosto visceral por meter porrada - violência, aplicar golpes com refinada técnica - esporte - para meter porrada – violência, com destreza adquirida em anos de dedicação – esporte, metendo porrada a revelia – violência - através do aprimoramento de sua aptidão física – esporte – para meter porrada com objetivo de nocautear – violência – o adversário - esporte. 4 a 4. Deu empate técnico. A decisão está com você.

Como em qualquer outra profissão, os gladiadores do mma assim como os lutadores profissionais da Roma Antiga, merecem o nosso respeito, além, claro - e é aí que esta atividade se diferencia - a nossa veneração, adoração e idolatria. Homens e mulheres de todas as idades lotam ginásios para demonstrar estes sentimentos que, seguindo ainda o paralelo entre as épocas, não são contemporâneos, mas ao menos têm a mesma origem.

6 comentários:

  1. A violência está intrínsecamente ligada à natureza humana?

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    1. Está. Faz parte dela. Em uns mais do que em outros. Mas todo mundo sente um certo prazer na coisa. Eu, por exemplo, adoro esmagar a cabeça da barata com a ponta do pé enquanto ela agoniza sob o efeito do inseticida. É bom... Doentio? Covarde? Não sei... Sei que isso daria uma outra crônica!

      Beijão, mana!

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  2. Sim! Sim! Somos todos bárbaros por natureza. A violência é nosso esporte favorito. Quem não passa devagarinho para ver melhor um acidente de trânsito ansioso por sangue? Depois, com o tempo e a cultura, de geração a geração, fomos nos civilizando e incorporando regras de convivência civilizada, a Lei e a Ordem. Mas o bárbaro fica latente no íntimo de cada ser. Por isso gostamos tanto de ver os lutadores. Eles são a projeção da barbárie que fomos obrigados/educados a controlar/conter. Adoramos porque eles nos ajudam a aliviar esta violência contida de uma forma controlada e civilizada, que é o esporte. Menos mal. Adoro as lutas, os telecatchs, os lutadores, os UFCs e MMAs e os corpos musculosos e suados, raivosos, combatendo violentamente. Mas adoro principalmente o final da luta, quando o vencedor dá a mão ao homem caído e um tapinha ao mesmo tempo amigável e provocador. É quando o bárbaro se recolhe e o homem civilizado mostra a sua nobreza. Sim, todos temos a mesma origem; somos todos bárbaros contidos sob uma camada (por vezes mais fina) de civilização. Acho isso bárbaro!!!

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    1. Bárbaros por natureza. E é exatamente antinatural o refinamento das maneiras. É uma conformação à regras sociais de convivência para evitar banhos de sangue a torto e a direito.

      Senão vejamos: Alguém te fecha no trânsito e ainda ergue o dedo médio pra você, como se você estivesse errado. Isso nunca acontece, mas, em hipótese. Nesse caso o ideal seria cercar o sujeito, desembainhar a adaga e cortar-lhe a jugular. Sem conversa, porque com gente ignorante não se deve perder tempo.

      É isso aí, vai encarar?

      Bj, Val

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  3. kkkkkkkkkkk! É isso aí meu caro! E mesmo com todas as regras bem ditadas tem gente que só fica feliz quando tira sangue do nariz do outro. hahahahaha. Escreve outra cronica Francisco. Você é ótimo! Beijao! Val

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  4. A mesma origem. A natureza é limpa e clara; vence sempre o mais forte e é assim com o bicho homem em todos os aspectos (do financeiro ao emocional). Falo com a propriedade de ter adquirido habilidade, destreza, precisão e a ciência de coisas como a disciplina e o respeito, entre outros, que são intrínsecos as artes marciais, em um tatame de Judô passei bom tempo da infância e na adolescência entrei no Karatê e me tornei faixa preta, também fiz alguns anos de capoeira, fui convidado a participar de um campeonato de “vale tudo”, era assim que chamavam na década de noventa, não aceitei por instrução de meus mestres devido as regras permitirem um nível altíssimo de violência. Sem dúvida somos violentos se incitados à violência, mas em nosso juízo normal preferimos a busca da paz. O circo e o pão são por conta dos homens que controlam o poder e querem continuar controlando, o circo muda, mas o poder e o pão velho continuam os mesmos.
    Muito bom ler as coisas que você escreve mano, parabéns. Continue firme trabalhando.
    Um abraço do seu mano Sergio.

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