quarta-feira, 2 de abril de 2014

O risco


Os dedos, um tanto sem convicção, sustentam um cilindro de madeira recheado com uma massa colorida e seca, cuja
ponta prende um olhar vesgo, pela proximidade, e absorto entre o que a mente imagina e a mão imprime. E segue assim, perseguindo uma imagem inédita que lhe explode em cores e traços esparramados em uma tela visível apenas para si.

Nesse jogo de escolhas, propensões, hesitações e êxitos, uma coisa é certa: o prazer. Sem prever o que resultará dessas investidas, fica satisfeito em perceber o gosto do processo.

Comprime os lábios entre os dentes e força a ponta da língua a encontrar um espaço para deslizar-se, mostrando só a pontinha. Este é o sinal do extremo capricho que exerce, fruto da paixão e da alegria que são somente suas, quando é hora de desenhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário