Paraquedas

Das duas uma, estômago de avestruz ou sangue de barata. Se bem que a maioria dos frequentadores de praças de
alimentação parece ter os dois.

Calma, repare que usei recursos para não atingir ninguém: "maioria" e "parece". Agora você pode até concordar e, talvez, rir um pouco.

É uma cena corriqueira, mas difícil de digerir. Um amontoado de gente faminta e ligeiramente mal-humorada, enfileira-se diante de balcões onde, por trás dele, gente faminta e raramente bem-educada repete mecanicamente e em tom inquisidor:

Pão? (2 segundos e meio para a resposta)
Recheio? (direito à réplica)
Queijo? (a tréplica é do atendente que devolve a próxima)
Dois reais a mais pelo dobro de queijo? (pense rápido)
Molho? (falta pouco...)
Algo mais? (quero a minha mãe!)

Um segundo e meio depois...no caixa:

Bebida? (não hesite, apenas responda)
Dinheiro ou cartão? (esteja com - seja o que for - à mão)
Obrigado (é o que parece)

Depois é só você comprar um assento de um cambista, suportar toda a algazarra, absorver os solavancos na sua cadeira e abstrair. Em pouco tempo você estará livre novamente.

O título é porque foi de tal maneira que fui parar neste modelo revisto e atualizado de campo de concentração. Caso contrário, nem morto!