quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O vil metal

Respeito Dinheiro é bom e eu gosto.


Dias atrás eu poderia pensar que nem se eu vivesse mil vidas conseguiria ler todos os livros que
me interessam.

Também há alguns dias passei a pensar que nem se ganhasse um bônus de várias décadas nesta vida eu conheceria todos os cantos e recantos, entenderia as diversas culturas e costumes dos habitantes deste nosso mundo. 
Hoje é diferente. Não há dinheiro capaz de comprar tudo o que passou a ser vital pra mim. Nem a soma dos prêmios de cinco loterias acumuladas, tipo Tera-Sena, ganhando sozinho, seria capaz de suprir as minhas necessidades mais elementares.
E agora?!?
Apesar desse sentimento de defasagem quase avassalador, começo a me incomodar com uma outra sensação. A de estar imerso em um oceano de bugigangas, quinquilharias e sucatas. Quase falta ar pra respirar em meio a tanta coisa ultrapassada e inútil, que ainda nem inventaram.
Ontem ouvi um conselho estranho de um prestador de serviço, que faz recarga em cartuchos de impressora. Ao devolver meu cartucho de tinta preta ainda vazio ele sugeriu: “melhor você comprar uma impressora nova, porque seu cartucho queimou e o preço de um novo é quase o preço de uma impressora nova.”
Não pela ação da gravidade, mas meu queixo caiu. Comprei essa impressora há menos de um ano. E nem sabia que o cartucho de tinta preta contido nela valia tanto. Que dirá o colorido. Com um par de cartuchos eu posso comprar duas impressoras então!
Hein?!?
Desisti deste argumento. Lembrei que existe a “obsolescência programada”. Pomposa expressão, porém com significado aterrorizante. A indústria produz coisas que duram cada vez menos para que eu troque de coisas cada vez mais. Simples assim.
Tenho uma vontade recorrente de pegar a mochila e sair andando pelo mundo. Sem celular, claro!

"A riqueza é a principal fonte de misérias dos homens"(Sêneca)

2 comentários:

  1. Oi mano. É mesmo um absurdo como tudo se tornou obsoleto... o sentido das coisas perdeu o sentido!

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  2. Pois é. Mesmo com todo o dinheiro do mundo, sem tempo não temos nada. O obsoleto, o efêmero, o urgente e o avançado nos perseguem e tiram nosso fôlego. Tempo vira ar e nós: asmáticos. Temos mochila, dinheiro, todas as quinquilharias e sucatas, inclusive monitores cardíacos com cronômetro e GPS. E cada vez menos tempo.

    Falando nisso, já viu um filme com o Justin Timberlake chamado "In Time"? A tradução do título não podia ser melhor: O Preço do Amanhã. O filme é raso, mas o conceito é chocante!

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