Orgulhosa por acordar cedo, até mesmo antes do trinar programado, surgia diariamente por trás da cortina, como
que se a vizinhança quieta a aguardasse àquela hora.
Sem plateia sentia-se então desprezada e voltava ao seu mundo limitado por vidraças. Vidraças a mostrarem a vida dos que acordavam um pouco mais tarde e lhe atrasavam a vigilância fútil.
Imperceptível aos olhos alheios, o que viam os seus era meticulosamente anotado em cadernetas de segunda-mão, com tinta mais escura.
Imperceptível aos olhos alheios, o que viam os seus era meticulosamente anotado em cadernetas de segunda-mão, com tinta mais escura.
A que horas acordavam, dormiam, saiam e chegavam; se sós ou se acompanhados eles
viviam ou passavam algumas horas; de mãos livres, carregando compras ou de braços dados; como cumprimentavam-se quando seus olhos em olhares vagos se encontravam.
Tudo anotado, sobre a vida dos que acordavam um pouco mais tarde.
Causava-lhe frisson o anotar tudo o que via. Vivia a olhar pela vidraça buscando personagens e atos. De excitante a frustrante em segundos, por não saber ao certo a utilidade daquele expediente. Mas pontuar detalhes improváveis, ah, isso lhe dava prazer de fato.
Tudo anotado, sobre a vida dos que acordavam um pouco mais tarde.
Causava-lhe frisson o anotar tudo o que via. Vivia a olhar pela vidraça buscando personagens e atos. De excitante a frustrante em segundos, por não saber ao certo a utilidade daquele expediente. Mas pontuar detalhes improváveis, ah, isso lhe dava prazer de fato.
Um dia acabaria usando aquilo tudo... Talvez na investigação de um crime! Estaria então à mão seu esmerado memorial. Nunca se sabe... Melhor pecar pelo excesso do que pela falta.
Outra página.
Um brinde aos "profissionais" de plantão!
ResponderExcluirVida longa!
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